A saga “Crise nas Infinitas Terras” é um marco na história dos quadrinhos da DC, reconhecida como uma das narrativas mais impactantes e transformadoras do universo dos super-heróis. Lançada nos anos 80, ela surge como resposta à complexidade do multiverso da DC, unindo personagens de diferentes realidades em uma trama épica que vai além de uma simples história em quadrinhos. Essa saga redefiniu o conceito de eventos crossover e estabeleceu padrões para narrativas de grande escala no mundo dos super-heróis.
A decisão de adaptar a grandiosa “Crise nas Infinitas Terras” em uma animação de 90 minutos inicialmente parecia desafiadora. Felizmente, ao dividir a história em três partes, a DC evitou a armadilha da pressa, diferenciando-se de adaptações recentes como a de “Injustice”, onde tramas cruciais foram sacrificadas para se ajustarem ao tempo limitado.
Dito isso, o filme não decepciona. O início, centrado no Flash e suas lutas pessoais, adiciona uma dimensão humana à trama, algo apreciado em histórias de super-heróis. Os momentos silenciosos e emotivos são cativantes, criando empatia pelo Barry Allen. O início de “Liga da Justiça: Crise nas Infinitas Terras – Parte Um” é envolvente, com o Flash viajando entre dimensões e momentos de sua vida. Apesar da sensação inicial de confusão, o filme rapidamente situa e explica ao espectador.
Na primeira parte, o foco recai em situar o espectador sobre o que está acontecendo com o Flash, seu relacionamento com os membros da Liga, além de explorar sua origem e batalha contra Luthor e Amazo. Já na segunda metade, a narrativa se desenvolve de maneira intensa e cativante, conectando os elementos de forma robusta.
Destaque para a incrível dublagem brasileira, trazendo vozes clássicas como Duda Ribeiro para o Batman, Priscilla Amorim para a Mulher Maravilha e Guilherme Briggs para o Superman, entre outras. A dublagem, por si só, já torna o filme imperdível.
Apesar de ser a primeira parte de uma história maior, o filme me envolveu completamente. Impressiona ao superar os mais recentes filmes live-action da DC, evidenciando a habilidade e criatividade dos artistas por trás do projeto (um indicativo de que menos interferência do estúdio pode gerar resultados positivos).
Quanto à animação, embora apresente beleza e fluidez, alguns momentos destacam as limitações do orçamento, impedindo-a de ser mais ambiciosa ou de se arriscar em certos momentos. A utilização de CGI acaba sendo um incômodo em algumas cenas. Acredito que, com um orçamento maior, a equipe teria a oportunidade de criar algo no estilo de outras animações americanas, como Castlevania ou Sangue de Zeus, elevando ainda mais o patamar visual e artístico da produção.
Veredito: “Liga da Justiça: Crise nas Infinitas Terras – Parte Um” é uma adaptação respeitável e emocionante, cujos pontos altos, como a dublagem e a narrativa bem estruturada, superam suas limitações visuais. Uma experiência que promete mais nos capítulos seguintes.
Nota: 8.5/10